A França vai entregar “centenas” de veículos blindados antigos, mas “ainda funcionais”, e mísseis Aster, no quadro de um novo pacote de ajuda a Kyiv na guerra contra a Rússia, anunciou hoje o ministro das Forças Armadas francês.
“Para manter uma linha da frente tão grande, o exército ucraniano precisa, por exemplo, dos nossos veículos blindados de combate: isto é absolutamente fundamental para a mobilidade das tropas”, afirmou Sébastien Lecornu, numa entrevista ao jornal francês La Tribune, publicada hoje à noite.
De acordo com o governante, “estes equipamentos antigos, ainda operacionais, poderão beneficiar diretamente a Ucrânia em grandes quantidades”.
“Falamos de centenas de veículos, para 2024 e início de 2025”, acrescentou.
Os veículos blindados de combate, com mais de 40 anos, estão a ser substituídos no exército francês por veículos blindados de nova geração, Griffon.
Respondendo aos pedidos de Kyiv para reforçar a capacidade de defesa antiaérea do país, Paris vai também “desbloquear um novo lote de mísseis Aster 30”.
“Estamos também a desenvolver munições telecomandadas, num curto espaço de tempo, para as entregarmos à Ucrânia neste verão”, revelou.
Na terça-feira, Sébastien Lecornu afirmou, em conferência de imprensa, que França quer acelerar a produção de armamento para equipar os seus militares e exportar para outros países, garantindo o apoio à Ucrânia.
O ministro instou as empresas de defesa francesas a “aumentarem a sua capacidade de produção para conseguir entregar os mísseis no segundo semestre de 2024”, dando prioridade às encomendas militares em detrimento das necessidades civis.
“Pela primeira vez, não excluo a possibilidade de utilizar o que a lei permite que o ministro e o Delegado Geral do Armamento (DGA) façam, ou seja, se as coisas não estiverem a correr bem em termos de ritmo de produção e prazos de entrega, fazer requisições, se necessário, ou fazer valer o direito de prioridade”, disse.
O ministro das Forças Armadas defendeu que o país seja mais autónomo e argumentou que este investimento não se destina a prever uma escalada nos conflitos, mas de uma missão de proteção e de autodefesa aprovada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
O Presidente francês pediu ainda que a produção de projéteis fosse duplicada este ano, com “o objetivo de entregar 100.000 projéteis de 155 milímetros”, 80.000 para a Ucrânia e os restantes para o exército francês, de acordo com o ministro.
Estas declarações surgiram após os chefes do Estado-Maior, Thierry Burkhard e Pierre Schill, defenderem que o apoio à Ucrânia deve ser mais do que o fornecimento de armas e que o exército pode assumir compromissos “mais difíceis”, apoiando Macron na possibilidade de enviar tropas ocidentais para lutar no futuro.
A Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, depende da ajuda do Ocidente em armamento para fazer frente às tropas russas.
Kyiv lançou uma contraofensiva no verão com resultados modestos, que atribuiu ao atraso na chegada de armamento, e tem criticado as hesitações de alguns países no envio de armas.
Moscovo respondeu à contraofensiva com um aumento dos ataques contra a Ucrânia nos últimos meses.
A ofensiva militar russa na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Leia Também: Milhares de crianças retiradas da região russa de Belgorod após ataques
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