O secretário-geral da ONU, António Guterres, visita a Antártida, em 4 de novembro de 2023
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu, nesta segunda-feira (27), aos dirigentes do mundo que se reunirão na COP28 que rompam “o ciclo mortal” do aquecimento global e seu impacto devastador.
“Estamos presos em um ciclo mortal”, declarou à imprensa António Guterres, ao retornar de uma visita à Antártida, “gigante adormecido (…), acordado pelo caos climático”.
“O gelo reflete os raios de sol. À medida que desaparece, a atmosfera terrestre absorve mais calor. Isso significa mais aquecimento, o que se traduz em mais tempestades, inundações, incêndios e secas em todo o planeta. E mais degelo. O que significa, com menos gelo, ainda mais aquecimento”, disse.
“Na COP28, que começa esta semana, os líderes devem romper esse ciclo. As soluções são bem conhecidas”, recordou.
“O que acontece na Antártida não se restringe à Antártida. Vivemos em um mundo interconectado”, argumentou, antes de relembrar as consequências da perda de gelo do continente branco para o aumento do nível do mar e os perigos para as cidades e comunidades costeiras em todo o mundo.
Nas últimas décadas, a Antártida registrou uma perda de gelo acelerada e os cientistas acreditam que a camada de gelo da parte ocidental – que contém água suficiente para elevar o nível do mar em vários metros – pode estar se aproximando de um “ponto de inflexão” climático.
“Os líderes não devem deixar que se desapareçam as esperanças do povo de todo o mundo por um planeta sustentável. Devem fazer com que a COP28 valha a pena”, instou Guterres, que voltou a pedir que se encerre a “era das energias fósseis”.
“As soluções são bem conhecidas”, disse antes de apelar aos líderes mundiais para que “protejam as populações do caos climático”.
“Necessitamos de um compromisso global para triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética e levar a energia limpa a todos, até 2030” e “um compromisso claro e confiável para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis em um prazo que se ajuste ao limite de 1,5º C”, afirmou, em referência ao objetivo do Acordo de Paris.
Também pediu “justiça climática”, ou seja, um “enorme aumento do investimento em adaptação e perdas e danos para proteger as pessoas dos extremos climáticos”.
“A Antártida grita para que sejam tomadas medidas”, assegurou.
A COP28 começa na quinta-feira nos Emirados Árabes Unidos com dois grandes desafios em sua agenda, como o financiamento e as energias fósseis, cujo uso maciço empurra a sociedade para novos abismos climáticos.
abd/af/tm/dd/mvv
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