"Só cederemos quando os nossos homens estiverem seguros em casa": mulheres exigem a Putin o fim da mobilização por tempo indeterminado

Reivindicação, divulgada no canal “Caminho para Casa” da plataforma digital Telegram, sublinha que “muitos nunca regressarão” e que “a mobilização foi um terrível erro”

“Só cederemos quando os nossos homens estiverem seguros em casa”: mulheres exigem a Putin o fim da mobilização por tempo indeterminado

As mulheres e outros familiares dos reservistas russos mobilizados em setembro de 2022 para combater na Ucrânia divulgaram esta segunda-feira um manifesto com uma petição exigindo ao Presidente russo, Vladimir Putin, o fim imediato da mobilização por tempo indeterminado. “Lembramo-nos de como o Presidente prometeu que os reservistas não seriam chamados para as fileiras, de que as missões da operação militar especial seriam levadas a cabo apenas pelos voluntários profissionais. E depois, os nossos entes queridos foram enviados para a Ucrânia. As promessas, na prática, revelaram-se vazias”, lê-se no manifesto.

A reivindicação, divulgada no canal “Caminho para Casa” da plataforma digital Telegram, sublinha que “muitos nunca regressarão” e que “a mobilização foi um terrível erro”. “Castigaram-nos pela nossa obediência às leis. Por uma miragem de estabilidade para a maioria, os nossos homens estão a pagar com sangue e nós com saúde e lágrimas”, prossegue o texto.

Nele, os signatários denunciam que os seus familiares “participam diretamente em ações militares há 15 meses”, mas “não os deixam regressar”. E questionam-se: “Onde estão os milhares de profissionais com contrato?”. “Esperamos que o Presidente atenda às nossas inquietações, já que também somos eleitores”, advertem, referindo-se às eleições presidenciais de março de 2024.

A petição, que destaca que são muitos os subscritores e “serão cada vez mais”, exige “a desmobilização total”, argumentando que “os civis não devem participar em ações militares”. “Exigimos que retirem os nossos maridos, irmãos, filhos, pais e todos os nossos entes queridos da zona da operação militar especial e os tragam de volta a casa, para as suas famílias, definitivamente”, declaram.

Também exigem que se colmate a lacuna jurídica existente, definindo “um prazo limite de serviço em caso de mobilização parcial”: “Não mais de um ano a partir do momento do recrutamento”. Insurgem-se também contra o facto de o Kremlin (Presidência russa) ignorar as suas reivindicações, a “arbitrariedade dos comandos e a repressão dos soldados” e a “desumanização”. “Não existem ogres e elfos. Há propaganda e incitação ao ódio. Há política e pessoas comuns nas mãos dos políticos”, sustentam.

Além disso, condenam a perseguição das indignadas mulheres dos mobilizados e defendem o seu direito constitucional a protestarem e manifestarem-se publicamente. “Soldados e suas famílias, unam-se e lutem pelos vossos direitos!”, exortam.

O manifesto não poupa críticas a Putin, que decretou a mobilização parcial de 300.000 reservistas em setembro de 2022 e proclamou 2024 “o ano da família”. “É irónico, se tivermos em conta que as mulheres estão a enfrentar dificuldades sem os maridos, as crianças estão a crescer sem os pais e muitas ficaram órfãs”, lê-se no documento.

Os signatários acusam o líder do Kremlin de pôr em liberdade “a fina flor e a nata da sociedade”, referindo-se aos criminosos que são indultados em troca de irem combater para a frente de batalha, na Ucrânia. “Tem sentido de humor, o nosso Presidente!”, comentam.

Acusam também o Estado russo de “virar as costas” àqueles que acorreram a ajudá-lo na Ucrânia e ignorar os pedidos de auxílio dos seus familiares. Garantem que não se opõem ao cumprimento do dever de proteger a pátria, mas que se pronunciam em favor “da defesa das pessoas da arbitrariedade e da injustiça”, porque o país “é, acima de tudo, o povo — e não interesses abstratos, atrás dos quais se escondem os governantes”.

“Ainda acreditam na estabilidade? Só cederemos quando os nossos homens estiverem seguros em casa”, afirmam as mulheres, que rejeitam uma eventual rotação. Por todas as razões apresentadas, encorajam os russos a mostrar solidariedade e compaixão, assinando uma petição que será enviada à administração do Kremlin, sublinhando que não pretendem “incendiar os humores e provocar a desestabilização da situação política” na Rússia.

“Nós não impomos uma escolha política em relação às autoridades ou uma opinião sobre o conflito militar na Ucrânia. Cada um tem direito a decidir por si mesmo. No entanto, apoiaremos quem nos devolver os nossos homens”, asseguraram.

Recentemente, as autoridades de Moscovo proibiram a realização de uma ação de protesto de mulheres de mobilizados na praça do Teatro, nas proximidades do Kremlin e da Duma (câmara de deputados). O presidente da comissão de Defesa da Duma, Andrei Kartapolov, indicou que os mobilizados só regressarão a casa “depois de concluída a operação militar especial” na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022.

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