SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A moradora que impediu o entregador João Eduardo Silva de Jesus, 18, de subir no elevador de um prédio em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, foi chamada para prestar depoimento na 32ª DP (Taquara).
O caso foi registrado na 32ª DP (Taquara) com injúria por preconceito. O nome da mulher não foi divulgado pela polícia. A reportagem não localizou a moradora. O espaço segue aberto para manifestação.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que diligências estão em andamento para elucidar o fato.
ENTREGADOR FOI IMPEDIDO DE SUBIR EM ELEVADOR
João Eduardo Silva de Jesus, 18, faria a entrega de água para um morador do condomínio. Ao tentar entrar no elevador, ele foi surpreendido por uma moradora. A mulher o impediu de entrar e disse que ele deveria fazer a entrega pelo elevador “de serviço”.
O entregador argumenta que não pode ser impedido de entrar no elevador “social”. “Isso é uma lei agora. A senhora não sabe? Se a senhora não sabe, está sabendo agora. E eu vou subir sim”, argumentou João. Em 2023, o prefeito Eduardo Paes (PSD) sancionou uma lei que proíbe o uso dos termos “elevador social” e “elevador de serviço” em prédios privados da cidade do Rio. O objetivo da lei é coibir qualquer tipo de discriminação e “proporcionar dinamismo para o acesso a estabelecimentos privados”.
A gravação compartilhada por João Eduardo tem cerca de sete minutos. As imagens mostram parte da confusão. “Você não vai subir aqui não”, diz a moradora, enquanto trava a porta e impede ele de entrar.
Outros moradores observam a discussão e questionam por qual motivo ele não poderia subir no elevador. A mulher pede para ninguém se envolver e cita ainda que paga o “condomínio”. “Eu sou condômina. Eu pago condomínio. Você paga?”, perguntou a moradora ao entregador. “Tu paga condomínio… Qual diferença tem se tu é condômina ou não? Tu é melhor que eu?”, questionou João.
O porteiro do prédio foi chamado e pediu para que o entregador saísse do elevador. “Para evitar…deixa ela subir logo”, pediu.
João Eduardo prestou queixa na polícia.
O entregador contou que está abalado com a situação. “Ela fez tanta questão de uma coisa tão fútil, sabe? Um pouco pela minha cor também e pela classe social, talvez por eu ser entregador. É triste, é desgastante também. Desgaste emocional, estou um pouco abalado. A gente acorda cedo para trabalhar, para correr atrás do pão de cada dia e se depara com pessoas assim”, disse em entrevista ao RJTV, da TV Globo.
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