Bagnaia ensaia reação e começa trabalhos na Espanha com rédeas da MotoGP nas mãos

É cedo para dizer que Francesco Bagnaia está de volta ao melhor nível, mas dá para dizer que, ao menos no primeiro dia de trabalhos para o GP da Espanha, o italiano seguiu o próprio planejamento e ensaiou uma reação, tomando as rédeas da MotoGP com um novo recorde para Jerez de la Frontera.

Nos últimos dois anos, Bagnaia levou a Ducati ao topo do pódio do circuito andaluz, o que serviu de encorajamento para a edição 2024 do GP da Espanha. Mas a performance de Pecco até aqui não o colocava exatamente como um favorito. Nas três etapas já disputadas, o italiano de Torino tem só uma vitória — no GP do Catar — e ocupa a 5ª colocação no Mundial de Pilotos, com 50 pontos, 30 a menos do que o líder Jorge Martín. Neste mesmo ponto de 2023, Pecco era o vice-líder e tinha 53 pontos, 11 a menos que Marco Bezzecchi, que liderava com 64.

Não é exatamente um ano brilhante. Até aqui, o currículo de Bagnaia em 2024 é recheado de quartos lugares — tanto em classificação, quanto em sprint. Nos GPs, o cenário piora um pouco. Depois da vitória de Lusail, o titular da Ducati abandonou o GP de Portugal após uma queda resultante de um enrosco com Marc Márquez e foi só quinto no GP das Américas.

Assim, o #1 assumiu que viajou para a Espanha tendo atuado “na defensiva” nas últimas corridas. Mas com uma certeza: iria brigar entre os ponteiros.

Francesco Bagnaia foi o mais veloz da sexta-feira (Foto: AFP)

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Nesta sexta-feira (26), Pecco fez o melhor tempo do dia em 1min36s025, baixando em 0s145 o recorde de Jerez.

“Dadas as dificuldades dos últimos finais de semana, planejamos esta sexta-feira como um teste, e funcionou, pois conseguimos testar mais coisas que normalmente fazemos”, disse Bagnaia. “Estou feliz, porque conseguimos encontrar o feeling na freada e na entrada das curvas, que era algo que eu sentia falta há algum tempo e que representa um bom passo à frente”, seguiu.

“Tentamos algo grande e funcionou muito bem, então estamos felizes tanto com o ritmo quanto com o tempo de ataque, que também vinha faltando há algum tempo, então foi uma sexta-feira positiva. Esta manhã nós começamos com o mesmo acerto de Austin, mas conseguimos melhorá-lo a cada saída, o que tornou a moto mais fácil de pilotar”, apontou.

Diferente do que tem acontecido ao longo da temporada, Pecco não percebeu vibrações na Desmosedici, mas ainda não quer contar vitória.

“Estou mantendo os pés no chão e esperando para ver como será o fim de semana como um todo, mas, no momento, foi uma sexta-feira muito positiva. Porém, nunca tivemos o problema das vibrações de sexta-feira, por isso prefiro esperar, pois também em Austin as sensações foram boas, mas depois sofri nas duas corridas. Se a sensação seguir assim no domingo à noite, ficarei muito feliz”, destacou.

O campeão vigente avaliou que as vibrações podem ser relacionadas à grande aderência oferecida pelos pneus produzidos pela Michelin para a temporada 2024.

“Os tempos que estamos fazendo neste ano são incríveis. Talvez tenham imaginado que os tempos permaneceriam similares e que os pneus ofereceriam mais apoio. Mas somos muito mais rápidos tanto em volta rápida quanto em ritmo de corrida, e, em certas situações, essas vibrações aparecem”, detalhou. “Mas acho que, quando entendermos completamente esses pneus, daremos um grande passo. Por exemplo, [Pedro] Acosta está desenvolvendo o estilo de pilotagem dele com esses pneus e isso é uma vantagem, pois ele é capaz de forçar de uma maneira incrível. Talvez seja o mesmo para mim quando conseguir entendê-los”, comentou.

Maverick Viñales foi um dos destaques do dia (Foto: AFP)

Por fim, Bagnaia avaliou que ainda é difícil medir a ordem de forças na Espanha, já que Jerez é um circuito onde todos costumam ser rápidos.

“São muitos que são rápidos, e nesta pista todos ficam muito próximos. Muitos estavam com o macio na traseira, mas, assim como muitos tinham os médios, então é difícil comparar. Mas, no momento, parece que são muitos pilotos rápidos”, completou.

O italiano, porém, foi só 0s100 melhor do que Maverick Viñales. Embalado após um fim de semana histórico em Austin, o Top Gun mostrou força ao longo de todo dia e não encerrou a sexta-feira insatisfeito.

“Foi um dia importante para mim, pois, obviamente, queremos ir bem em Jerez e, historicamente, sempre foi um circuito em que fui super rápido, mas eu estou bem com a moto, com os pneus, estou no lugar a cada curva e isso faz o tempo vir”, apontou Maverick. “Não tem segredo e me vejo com margem, então estou muito ansioso para que chegue amanhã e eu possa ir mais ao limite. Foi interessante também em ritmo, que foi muito bom, e é possível melhorar, mas somos um grupo de dois ou três pilotos que podemos fazer um pouco a diferença”, continuou.

Questionado sobre quem são esses pilotos, Maverick respondeu: “Para mim, Márquez está forte e Pecco também. Eles dois são candidatos a lutar pela primeira fila e pela vitória. Dá para ver que eles estarão lá”.

0s143 mais lento que o líder, Marc Márquez é mais um que fechou a sexta-feira satisfeito. De volta ao palco do acidente que o lançou às profundezas do inferno nos últimos quatro anos, o #93 agora tem nas mãos um equipamento competitivo, mas não aposta só nas forças da Ducati Desmosedici GP23, já que ele próprio se sente de volta à forma.

Marc Márquez avisou que o processo de adaptação com a Ducati acabou (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

“Trabalhamos no acerto base dos GPs anteriores e as coisas correram bem logo de cara”, contou Marc. “Sofri um pouco mais com o vento durante a tarde, mas posso dizer que estamos em uma boa posição, ainda que tenha tantos pilotos rápido”, seguiu.

“Estamos perdendo um pouco na curva 5 e no setor final, mas uma coisa é certa: o processo de adaptação com a máquina da Ducati acabou. Agora é hora de dar uma polida para poder correr com o melhor”, anunciou.

O #93 ainda montou uma listinha com os pilotos com que imagina que vai lutar no GP da Espanha: “Tem um grupo de pilotos com os quais vamos disputar as posições da frente. Estão nele Pecco Bagnaia, Jorge Martín, Enea Bastianini, Maverick Viñales e etc”.

Líder do Mundial, Jorge Martín teve um dia um tiquinho mais discreto. 0s410 mais lento do que Pecco, o espanhol da Pramac fez o quinto melhor tempo do dia.

Jorge Martín saiu satisfeito do dia em Jerez (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

“Estou satisfeito com o dia, porque começamos com o pé esquerdo, pois não estava confortável com o pneu traseiro. Aos poucos, durante a manhã, fomos resolvendo e, mesmo que não goste muito de mexer na moto, no final superamos tudo e, de tarde, fiquei bem. Fiz 11 voltas muito constantes em [1min]37s baixo com os [pneus] médios, e melhorando na 11ª volta, já como uma simulação para a sprint. E acho que foi muito bem. Me faltou alguma volta com os macios para ficar mais confortável para o tempo de ataque. Fiz uma boa volta, minha marca pessoal, e vinha em volta, mas encontrei uma bandeira amarela e não deu para melhorar. Estou no miolo para a vitória. Mantenho a constância com que estou trabalhando e estou contente com isso”, destacou Martín.

Assim como os colegas, Martín indicou que é difícil saber a ordem de forças após esse primeiro dia de treinos em Jerez.

“É difícil. Em termos de ritmo, vejo menos dos que vi em volta lançada. No que diz respeito a ritmo, Maverick e Marc estão muito forte, mas Pecco trabalhou um pouco mais com o macio, então é igualmente competitivo na sprint. Esses três, junto comigo, são os mais fortes no momento”, encerrou.

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