REUTERS/Sertac Kayar
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Pela quarta sessão consecutiva o dólar teve pouco fôlego para se afastar da estabilidade, encerrando esta segunda-feira novamente perto dos 4,90 reais, enquanto no exterior o viés predominante para a moeda norte-americana era de baixa, em meio à leitura de que o Federal Reserve pode iniciar o processo de cortes de juros ainda no primeiro semestre de 2024.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8997 reais na venda, com variação positiva de 0,01%. Nas últimas quatro sessões o dólar acumulou variação positiva de apenas 0,03% ante o real. Em novembro, a moeda acumula baixa de 2,79%.
Na B3, às 17:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,06%, a 4,9020 reais.
Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a oscilar em território negativo, em sintonia com a queda da divisa também no exterior, em meio à percepção de que o Federal Reserve pode ter encerrado seu ciclo de alta de juros. Às 10h54, o dólar à vista foi cotado na mínima de 4,8727 reais (-0,54%).
Ainda pela manhã, no entanto, o dólar se reaproximou da estabilidade, a despeito de, no exterior, o viés negativo ser predominante.
Às 12h, o Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas de moradias novas no país caíram 5,6% em outubro, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 679.000 unidades.
Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas de moradias novas, que representam uma pequena parcela das negociações de casas nos EUA, cairiam para uma taxa de 723.000 unidades em outubro. Já o ritmo de vendas de setembro foi revisado para baixo, para 719.000 unidades, em relação às 759.000 informadas anteriormente.
Os números reforçaram o viés de queda para o dólar ante as demais divisas, em meio à perspectiva de que o Fed pode cortar sua taxa básica ainda no primeiro semestre do próximo ano.
No Brasil, no entanto, a moeda norte-americana à vista registrou a máxima de 4,9230 reais (+0,49%) às 12h25. Depois disso, o dólar se reaproximou da estabilidade e passou a oscilar em margens estreitas ante o real.
“O dólar tem andado de lado no Brasil, em um range (faixa) bem enxuto. Hoje (segunda-feira) o que tivemos foi um dólar no início dos negócios enfraquecido, mas que deu uma virada para o positivo”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Durante a tarde, porém, o dólar à vista voltou a oscilar em torno dos 4,90 — nível que vem se repetindo nas últimas sessões.
Profissional ouvido pela Reuters pontuou que a perspectiva é de que o dólar siga por um tempo oscilando na faixa entre 4,85 e 4,95 reais.
Isso ocorre porque, por um lado, o fim de ano no Brasil é tradicionalmente um período de remessas de recursos para outros países por empresas e fundos, o que dá suporte às cotações; por outro, porque a perspectiva de juros mais baixos nos EUA — ou não tão elevados — tem reduzido os rendimentos dos Treasuries no exterior e penalizado o dólar ante outras divisas.
A questão fiscal também segue no foco dos investidores. Nesta segunda-feira, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formaram maioria para permitir que o governo regularize o pagamento dos precatórios — dívidas reconhecidas pela União em razão de sentenças judiciais — até 2026, podendo se valer do uso de créditos extraordinários.
O tema vem sendo acompanhado com atenção pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro do STF André Mendonça, no entanto, pediu vista e o julgamento foi interrompido.
No exterior, o dólar seguia em baixa no fim da tarde.
Às 17:28 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,21%, a 103,210.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de janeiro.
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